A Escravidão nunca acabou

Introdução

Você é apenas um escravo, apenas não tomou consciência disso ainda!

Em 1888, a Princesa Isabel promulgou a Lei Áurea, que pôs fim à escravidão no Brasil. Após séculos de sofrimento, aqueles cuja existência havia sido brutalmente reduzida a uma engrenagem de trabalho incessante, sem direitos ou dignidade, finalmente conquistaram a liberdade. Nunca mais alguém seria tratado como mercadoria, explorado até a exaustão. Era o início de uma nova era — viva a liberdade!

Em teoria é isso, mas na prática foi, e é bem diferente.

Você precisa entender que boa parte das grandes civilizações humanas foram construídas em cima da exploração do trabalho alheio. 

Um pouco de história

Os romanos, um dos maiores impérios que já passaram pelo planeta terra, tinham uma economia totalmente baseada em trabalho escravo. Já os egípcios levantaram suas gloriosas pirâmides ao custo de sangue e suor de milhares de vidas.

Se fomos um pouco para o oriente veremos um caso interessante, a escravidão foi uma prática muito comum na china por milênios, desde da Dinastia Shang (1600–1046 a.C.) até a china pré-comunista no século XX.

Já no império asteca, era muito comum existirem indivíduos que eram escravizados por dívida(isso te lembra alguma coisa?).

Perceba que a escravidão não é um fenomeno exclusivo do modelo capitalista ou mercantilista, é algo que está presente em todas as fases da história humana, nas mais variadas civilizações.

Se formos pragmáticos ao extremo, poderíamos dizer que no geral a humanidade é uma espécie escravagista, uma raça que visa extrair vantagens e benefícios do trabalho de outro indivíduo com o menor custo possível. 

Quem está no poder sempre vai optar por um caminho escravocrata, ou muito próximo disso, pare para pensar um pouco, por que um imperador romano iria passar a pagar um salário digno a seus peões, quando ele simplesmente poderia escravizar eles e não pagar nada? O lucro seria muito maior, a eficiência seria muito maior, e sobraria mais dinheiro para ele gastar com a aristocracia e o exército.

A mesma coisa se aplica aos egípcios, por que o faraó gastaria uma quantidade enorme de dinheiro para pagar mão de obra assalariada para construir seus monumentos quando ele tinha o poder para escravizar centenas de milhares para construir tudo de graça pra ele? 

É lógica pura, pragmatismo puro, é a humanidade nua e crua.

Mas o que mudou? Por que não temos mais escravos como os de antigamente hoje em dia?

Simples, a moral e a cultura evoluíram ao longo do tempo. Diferente das civilizações antigas, nossa sociedade contemporânea repudia completamente a escravidão, considerando-a inaceitável. Hoje, é impensável conceber tais práticas persistindo na modernidade, mas no passado era considerado algo “normal”.

Porém isso não passa de uma pura ilusão, uma mentira que foi imposta na cabeça de todos nós, a verdade é que na prática o regime escravagista nunca terminou. 

Essa mudança do paradigma cultural é apenas uma cortina de fumaça, para as pessoas acreditarem que elas são realmente livres, dessa forma elas não se revoltarão e viverão eternamente nessa mentira.

A vida do CLT

Hoje em dia no brasil é comum as pessoas se sujeitarem a jornadas de trabalhos exaustivas de segunda a sábado, das 7h às 17h, tudo isso para ganhar um mísero salário mínimo.

Desse salário mínimo geralmente não sobra nada ao fim do mês, e a verdade é que esse dinheiro só serve para alimentação e moradia, qualquer outra coisa é luxo. 

Geralmente essa alimentação é muito ruim(muito sódio ou açúcar), e além disso, a casa desse trabalhador na maioria das vezes se localiza em um bairro terrível em condições insalubres. 

A vida desses trágicos espíritos é realmente brutal, eles acordam às 5h da manhã para poder pegar uma hora(no melhor dos casos) de transporte público lotado, para chegar ao trabalho às 7h.E aí após um longo dia exaustivo, quando chegam em casa, já próximo das 19h da noite, já não se tem mais energia para nada além de comer, tomar um banho e consumir um entretenimento de baixíssima qualidade.  

Essas pessoas na verdade não têm liberdade, elas vivem em detrimento do trabalho, são escravas desse pêndulo que suga a energia e o tempo delas.

E dificilmente um trabalhador vai sair de uma situação dessas por conta própria; A escala 6×1 é brutal, pois ela impede que o indivíduo tenha tempo para estudar, se aperfeiçoar e até mesmo buscar outro emprego.

E a ideia é realmente essa, ter serviçais eternos, que recebem o mínimo possível. 

Consegue perceber o paralelo com a antiga escravidão? Por mais que estes trabalhadores recebam um salário, este só serve para o básico da sobrevivência, para manter ele vivo como um peão. Isso não é muito diferente dos escravos do período colonial, que não tinham nenhum bem, e apenas comiam e tinham um teto para morar.

O sistema não quer que você morra, e ele vai te dar apenas o mínimo para te manter vivo.

Mas e sobre a liberdade de escolha? As pessoas podem sair do emprego a qualquer momento e ir para um outro que atenda melhor certo? Errado!

A possibilidade até existe, mas a realidade de 99% dos espíritos perdidos no 6×1 é que eles permanecem nesse ciclo até o fim da vida deles. Eles nem ousam se demitir, ou confrontar o patrão, pois sabem que dificilmente conseguirão outro emprego. 

A verdade pragmática é que o livre arbítrio não existe para a maioria destas pessoas, e elas estão profundamente algemadas no seu papel atual.

E sobre o transporte público? Aquele que mais parece um carro de senzala….

“Ah.. Mas, pelo menos o trabalhador CLT vai se aposentar” – Mentira!

Até que a atual força de trabalho chegue à idade de aposentadoria corrente, vão ter pelo menos mais umas três reformas da previdência, da qual é nada mais nada menos do que um esquema de pirâmide, onde a força de trabalho jovem sustenta os velhinhos no topo. 

E isso é insustentável em um cenário onde a taxa de natalidade é baixa, no futuro vão existir muitos mais velhos em idade de aposentadoria, do que jovens no mercado de trabalho, e isso vai ser um caos.

Os políticos vão ser obrigados a aumentar mais e mais a idade mínima para aposentadoria, até que chegue em um valor tão alto, que a maioria das pessoas morrerão antes de chegar lá.

Ou seja, não… você não vai se aposentar caro amigo.

Então o que que sobra para o escravo CTL?

Bom, essencialmente nada…

Estes personagens não terão nenhum bem, viverão na miséria pelo resto de suas vidas, vão entregar todo o seu bem mais precioso(o tempo) para o sistema, e em troca vão receber o direito de trabalhar até morrer, pois a aposentadoria não virá.

“It’s over para o betinha CLT” – Pyton, Filósofo, 202X

Ademais, alguns vão falar, “mas pelo menos no meu trampo eu não tomo chicotada”.

E isso também é uma mentira, a quantidade de violência psicológica, abuso moral e sexual que esses atores passam é gigantesca, a coisa mais normal que existe são empresas com ambientes extremamente tóxicos, que destroi a sanidade de qualquer um, nós podemos comparar facilmente esses fatores mentais com chicotadas, e às vezes eles doem até mais do que uma dor física. 

Agora você entendeu? Acordou? Viu que vivemos em uma ilusão? 

A verdade é que vivemos em um teatro, onde a escravidão foi apenas ‘humanizada’, ela ficou mais ‘leve’ apenas, mas ainda existe conforme eu te provei nesse texto.

E como escapar disso? 

Bom, se você leu e entendeu esse texto já é um ótimo inicio, o próximo passo agora é continuar buscando conhecimento, pois a única forma de deixar de ser um escravo é com conhecimento prático e aplicado. 

O conhecimento liberta, então se eu pudesse te dar apenas uma única dica é: leia livros de não-ficção, de qualquer tema que você queira, pegue esse hábito, tente ler uns 3 livros por mês, e ao poucos você vai começar a entender como o mundo funciona. 

Essa é a única dica que eu posso dar, pois apesar dela não ser a solução, é ela que vai iluminar esse caminho para te ajuda a fugir desse abismo.

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